No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a exposição com curadoria de Miguel von Hafe Pérez vai “colocar em diálogo a obra artística com as fontes documentais, e tem como ponto de partida as obras adquiridas pelo MNSR, mas também toda a produção documental e gráfica da atividade do CAC, onde se incluem catálogos de exposição, cartazes, convites e registos fotográficos”, de acordo com um comunicado do museu.
“O apoio do MNSR à contemporaneidade artística na cidade do Porto viu-se perpetuado no depósito de cerca de uma centena de obras, adquiridas no período de cinco anos de funcionamento do CAC, naquela que viria a ser a atual Fundação de Serralves”, lembrou o museu.
O CAC funcionou entre 1976 e 1980 no MNSR para expor e divulgar a arte contemporânea e “pretendia colmatar uma ambição antiga no panorama artístico nacional, que era a constituição de um Museu Nacional de Arte Moderna”, como recorda um artigo de Inês Silvestre publicado no ano passado na revista MIDAS precisamente sobre o CAC e o MNSR.
Criado no final de 1975, sob direção do crítico Fernando Pernes, que viria a ser o primeiro diretor do Museu de Serralves, com a “colaboração fundamental” de Etheline Rosas, o CAC “introduziu no meio museológico não só novas linguagens artísticas, mas também novos modos de exibição, contando para isso com a colaboração dos artistas, frequentemente convidados a participar na organização das suas exposições”, como salientou Inês Silvestre.
“Se atualmente a crítica de arte está mais informada e mais aberta a novas propostas plásticas, algumas exposições em Serralves não deixaram de impressionar o público que as visita que, à semelhança do que acontecia no CAC, se vê confrontado com peças que desafiam a sua relação com a arte. Podemos então admitir […] que o CAC de Fernando Pernes e Etheline Rosas abriu a porta à ousadia e inquietação no espaço museológico em Portugal”, escreveu Leonor de Oliveira no livro “Museu de Arte Contemporânea de Serralves: Os Antecedentes, 1974-1989”.
No artigo de Inês Silvestre são destacadas exposições como as retrospetivas de Alberto Carneiro e de Ângelo de Sousa, em setembro de 1976, para as quais este último solicitou um projeto de super 8 e Carneiro pediu “1.300 canas, 70 arrobas de palha e 70 metros de pano azul, areia e 300 fotocópias”.
São ainda alvo de menção mostras de Wolf Vostell e a exposição coletiva “A Fotografia como Arte/A Arte como Fotografia”, tendo causado polémica a exposição “O Erotismo na Arte Moderna Portuguesa”.
O calendário do MNSR para o primeiro semestre de 2024 inclui ainda as exposições temporárias “Teresa Gonçalves Lobo e Domingos António de Sequeira: um diálogo no tempo”, com curadoria de Bernardo Pinto de Almeida, “O azul de safra na cerâmica de Miragaia” e uma mostra de José Zagalo Ilharco, entre outras iniciativas.
Leia Também: Exposição com fotos de Gervasio Sánchez assinala Nobel para Saramago