As alterações climáticas ocorrem em todas as geografias e Portugal não é exceção. Os períodos de seca ocorrem com uma frequência cada vez maior e, nos últimos 20 anos, dois episódios destacaram-se pela gravidade. O primeiro foi a seca de 2004-2006, com a particularidade de ter afetado 100% do território nacional. E o segundo remete para a seca de 2016-2017, que teve início mais tarde do que o habitual, na primavera, e se agravou no outono, prolongando-se durante os meses de inverno.
Nas secas que ocorreram anteriormente, em nenhuma se verificou um aumento da área em seca severa e extrema no outono. À data de 31 de outubro, o ano de 2017 foi o único em que todo o território ficou inscrito nas classes de seca severa e extrema. Recuando à década de 1980, já se registaram nove ocasiões em que mais de 10% do território estava em situação de seca extrema e quatro em que mais de 75% de Portugal continental estava em situação de seca severa ou moderada.
No presente, e tendo em consideração que em 2022 Portugal enfrentou uma das piores secas hidrológicas dos últimos 100 anos, com praticamente todo o país em seca severa ou extrema, e que, em 2023, a situação voltou a repetir-se, passou a ser imperativo sensibilizar para a redução dos consumos de água, assim como promover práticas para fomentar o uso eficiente deste recurso escasso.
Foi neste contexto que surgiu a campanha “Água é vida. Não a desperdice.”, lançada este ano pelo Grupo Águas de Portugal e pela Agência Portuguesa do Ambiente, em parceria com a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, financiada pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
Apesar de, no início do ano hidrológico, ter havido uma boa recuperação das reservas nas albufeiras no Norte do país, no Sul a situação continua bastante crítica, devido à ausência de precipitação. Razão pela qual se entendeu dar novo ênfase ao apelo à redução do consumo de água, através de uma campanha multimeios de âmbito nacional e de ações reforçadas no Algarve, região onde a escassez de água atingiu níveis críticos.
Como diz o mote da campanha, “todas as gotas contam” e “não há tempo a perder”.