Partindo do famoso seriado de TV, colunista discute como inversão de valores na saúde pública prejudica prevenção de doenças emergentes, como a obesidade.
O mundo em que vivemos hoje é marcado por uma sociedade cada vez mais conectada, com acesso facilitado a informações e tecnologias avançadas. No entanto, é preocupante observar como, mesmo com tantos recursos disponíveis, ainda enfrentamos graves problemas de saúde pública, como a obesidade, que vem se tornando uma epidemia global.
A obesidade é uma doença multifatorial, que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, podendo levar a complicações como doenças cardiovasculares, diabetes e até mesmo alguns tipos de câncer. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a obesidade no mundo e, se nada for feito, esse número pode chegar a 500 milhões até 2030.
Diante de um cenário preocupante como esse, é vital que haja uma atuação efetiva da saúde pública na prevenção e controle dessa doença. No entanto, é possível observar uma inversão de valores nas políticas públicas relacionadas à saúde, o que acaba prejudicando a promoção de medidas eficazes de prevenção da obesidade.
O famoso seriado de TV “Super Size Me”, que estreou em 2004, traz um exemplo claro dessa inversão de valores. O documentário acompanha a experiência do diretor e protagonista, Morgan Spurlock, que se propõe a consumir apenas alimentos do McDonald’s durante 30 dias e registra o impacto dessa escolha em sua saúde e bem-estar.
Apesar da proposta do documentário ser sensacionalista, ele trouxe à tona a realidade de uma sociedade que está cada vez mais acostumada a uma alimentação rica em calorias e pobre em nutrientes. Outro ponto importante que o filme aborda é o fato de que, mesmo com tantas informações disponíveis sobre os malefícios de uma alimentação pouco saudável, ainda existe uma forte influência da indústria alimentícia na escolha dos consumidores.
Nesse contexto, é fundamental que a saúde pública assuma um papel de conscientização e incentivo a hábitos alimentares saudáveis. No entanto, o que observamos é uma inversão de valores, onde ações de marketing e interesses econômicos acabam prevalecendo sobre a promoção da saúde.
Um exemplo disso é a distribuição gratuita de alimentos não saudáveis em escolas, instituições públicas e eventos patrocinados pelo governo. Em vez de incentivar o consumo de frutas, verduras e alimentos naturais, a indústria alimentícia acaba promovendo o consumo de produtos altamente processados, ricos em açúcares, gorduras e sódio, que contribuem para o aumento dos índices de obesidade.
Além disso, a falta de políticas públicas eficazes para incentivar a prática de atividades físicas também contribui para o aumento da obesidade. É inegável que o sedentarismo é um dos grandes vilões dessa doença e, por isso, é necessário que haja investimento na criação de espaços públicos para a prática de exercícios e incentivo a atividades físicas em todas as faixas etárias.
Outro ponto que deve ser destacado é a falta de acesso à saúde de qualidade para a população de baixa renda. O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por atender grande parte da população brasileira, no entanto, muitas vezes, não oferece tratamentos e suporte necessário para o controle de doenças como a obesidade.
Isso mostra que, além da inversão de valores, também há uma questão de desigualdade social que afeta diretamente a saúde e bem-estar da população mais vulnerável