Nos últimos dias, o mercado financeiro tem sido marcado por uma grande volatilidade, com ações recuando e criptomoedas subindo. Essa mudança de comportamento tem chamado a atenção de investidores e especialistas, que estão analisando o papel das criptomoedas em meio à crise.
O Bitcoin, a principal criptomoeda do mercado, tem sido apontado como um ativo defensivo, ou seja, um investimento que pode proteger os investidores em momentos de turbulência econômica. Essa narrativa tem sido reforçada nos últimos dias, com a queda das bolsas de valores e o aumento do valor do Bitcoin.
Mas afinal, o Bitcoin pode ser considerado um porto seguro em meio à crise? Para entender melhor essa questão, é preciso analisar alguns fatores que estão influenciando o comportamento da criptomoeda.
Em primeiro lugar, é importante destacar que o Bitcoin é uma moeda descentralizada, ou seja, não é controlada por nenhum governo ou instituição financeira. Isso significa que ela não é afetada por políticas econômicas ou decisões de governos, o que pode ser visto como uma vantagem em momentos de instabilidade política e econômica.
Além disso, o Bitcoin tem um limite de oferta, o que significa que só existirão 21 milhões de unidades da moeda no mercado. Isso garante uma certa escassez e pode ser visto como um fator de valorização em momentos de crise, quando a confiança nas moedas fiduciárias (como o dólar e o real) pode ser abalada.
Outro ponto importante é a facilidade de transação do Bitcoin. Com a pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas estão evitando o uso de dinheiro em espécie e buscando alternativas digitais. Nesse sentido, o Bitcoin pode ser uma opção interessante, já que permite transações rápidas e seguras, sem a necessidade de contato físico.
Mas apesar desses fatores, é preciso ter cautela ao considerar o Bitcoin como um porto seguro. A criptomoeda ainda é um ativo muito volátil e pode sofrer grandes oscilações de preço em curtos períodos de tempo. Além disso, ainda não é amplamente aceita como meio de pagamento, o que limita seu uso no dia a dia.
Para o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Rocha, o Bitcoin pode ser visto como um ativo defensivo, mas não deve ser encarado como um porto seguro. “O Bitcoin ainda é muito novo e não tem uma história de resiliência em momentos de crise. Além disso, sua volatilidade é muito alta, o que pode assustar os investidores mais conservadores”, afirma.
Outro ponto que deve ser considerado é a relação do Bitcoin com o mercado tradicional. Apesar de ser uma moeda descentralizada, o Bitcoin ainda é influenciado pelas movimentações do mercado financeiro global. Por isso, em momentos de crise, é comum que o preço do Bitcoin também seja afetado.
No entanto, alguns especialistas acreditam que essa relação pode estar mudando. Para o CEO da exchange brasileira Foxbit, João Canhada, o Bitcoin está se tornando cada vez mais independente do mercado tradicional. “Nos últimos anos, temos visto uma maior diversificação dos investidores em criptomoedas, o que pode estar contribuindo para essa independência”, afirma.
De fato, nos últimos meses, temos visto grandes empresas e investidores institucionais entrando no mercado de criptomoedas, o que pode estar impulsionando o preço do Bitcoin. Além disso, a recente alta do Bitcoin pode estar relacionada à expectativa de um novo pacote de estímulos econômicos nos Estados Unidos, o que pode gerar inflação e desvalorizar o dólar.
Mas afinal, o que esperar do