Caros(as) leitores(as),
Eu jamais pensei que um dia parte da minha rotina seria expressar visões, pensamentos e sentimentos em linhas escritas. Essa linda atividade entrou em minha vida pelo acaso e criou uma relação artística com a minha pessoa. Hoje sinto dificuldade em me imaginar sem esse espaço criativo.
Separo um momento para a criação textual. Normalmente num local silencioso, ocupado por alguma música clássica, uma bela xícara de café especial ao lado e a companhia da minha imaginação que se fertiliza com esse rito.
É comum perder o sono e literalmente saltar da cama para esvaziar minha mente em folhas brancas, aliás, é exatamente dessa forma que escrevo aqui o último texto de 2023 nessa coluna. Nos últimos quatro anos, redijo textos sobre o mercado financeiro e suas questões, mas hoje peço licença para mudar (parcialmente) o enredo.
Não posso dizer que vou excluir o tema por completo pois, de forma esquisita, consigo tratar a minha pessoa como unidade. Dito isso, meu trabalho e objeto de estudo fazem parte de quem eu sou e, provavelmente, sempre estarão presentes em minhas conversas e dissertações.
Dois mil & vinte três
Ano que ficou provado o quão o trabalho de “prever o futuro” é difícil e eventualmente impossível. Ninguém conseguiu antever tanta volatilidade, acontecimentos e obstáculos que esse calendário nos guardava.
O noticiário nos mostrou guerras complexas, quebras de empresas, uma corrida bancária nos EUA, dores com inflação e dificuldade na condução da taxa de juros global. As commodities se movimentaram como loucas, as bolsas se comportaram de forma rebelde e tivemos vários “vai e voltas” da discussão de recessão.
Pois bem, se você chegou até aqui e está lendo esse texto, parabéns: você é definitivamente um sobrevivente. A despeito de todas essas questões macro e externas, o que mais me marca sempre são os aprendizados e as questões micro que envolvem um olhar mais profundo pelo espelho.
Acredito fielmente que a vida é 10% o que te acontece e 90% como reage a isso. No mercado, costumamos dizer que o cenário é “dado”, ou seja, não há controle sobre as variáveis do horizonte.
Na vida, não me parece ser muito diferente. Por aqui, um ano que pediu muito plantio, trabalho duro e suor na camisa.
Não tive grandes momentos de “descanso”. Não me desconectei da rotina, especialmente no que tange o âmbito profissional, nossos sonhos e metas no Stock Pickers e no InfoMoney.
Para muitos, uma frase como essa vai soar de forma negativa. Eu não compartilho da mesma interpretação.
Trabalho com o que amo, ao lado de pessoas incríveis, o desafio me move e sou o maior acionista do meu sonho. Esse combustível torna tudo muito divertido, embora envolva muito esforço e dedicação, não é algo doloroso.
Estou cansado, isso é inegável. Por sorte, viajo nessa reta final do ano para o nordeste brasileiro, um dos pontos de paz que tenho o maior privilégio de conhecer e visitar.
Resiliência foi fundamental ao longo de 2023. Tenho a impressão de que foi um ano muito duro, pouca colheita e – como antecipei – plantar foi o verbo central.
Descobri que perseguir um grande sonho sempre vai requerer grandes sacrifícios, o que te torna naturalmente “esquisito”, incompreendido. O resultado é uma jornada mais solitária, no relativo.
Toda ação gera uma reação. Responsabilidade, amadurecimento, compromisso, honestidade, simplicidade e humildade – pareceram ainda mais valiosos esse ano e parece que continuarão dessa forma.
Dois mil & vinte quatro
Assumo dificuldade de descrever o que espero para o ano que vem. Disse aos meus amigos mais próximos que acredito num ano de colheita, após tanto trabalho duro que parece se arrastar incessantemente desde 2020.
Preciso de uma pausa, curtir as festas em família de sangue e de escolha. Natal com aquela ceia maravilhosa e as piadas descabidas do meu primo “Moroca”, réveillon com os melhores escolhidos numa praia linda e repleta de emoções, agradecimentos e gratidão pelo simples.
O que fazemos por aqui pede criatividade e, nesse instante, meus receptores mentais parecem estar poluídos. Após o que narrei acima, acredito ter um veredito do que pretendo buscar em 2024.
Sou um otimista incorrigível, então fica difícil não acreditar que tudo será ainda melhor, mas eu creio que realmente será a despeito dessa fé incontrolável. Eu entendi que é no simples que minha felicidade de longo prazo vive.
Nos vinhos que compartilho com meu pai, nos cafés da tarde de risadas com minha mãe, nas resenhas sobre videogame com meu irmão de sangue e nas reflexões de vida no sofá com meu irmão de escolha. Nas confrarias com meus primos, nas viagens para viver algo de novo com quem sempre esteve lá, nas conquistas (por menores que sejam) que tanto sonhamos, sejam elas minhas e principalmente dos demais.
Já aceitei que não agradarei a todos nessa jornada, por mais que esse fosse um desejo meu por gostar tanto de promover boas sensações nos demais. Porém, nem mesmo um protagonista bíblico conseguiu, quem sou eu na fila do pão.
Vou perseguir a consistência, seguir esforçando-me ao máximo, buscar encher meu peito de sonhos e esperança, repousar meu destino e ansiedade em mãos criadoras que possam confortar, investir cada vez mais meu tempo (e dinheiro) no que mais importa nessa vida. Reduzir gastos e desperdícios a zero, por meio da disciplina, por meio do perdão.
2024 será um ano de colheita, daquilo que devemos colher, do que merecemos a partir daquilo que pedimos e construímos ao longo dos últimos anos de vida até aqui. Colher aquilo que deverá ser, reagir da melhor forma para garantir os 90%.
Desejo ótimas festas a você e sua família, obrigado do fundo do meu coração pela companhia nos nossos encontros semanais por aqui: você é parte fundamental da minha alegria de escrever. Uma excelente virada de ano, que 2024 seja iluminado e farto em colheita, amém.
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